terça-feira, 6 de setembro de 2016

Das negações, afirmações e possibilidades

Parte I - As garrafas

Ok, vamos falar sobre as garrafas porque tocaram no assunto da obsessão essa semana e eu sinto necessidade de discorrer sobre elas. Penso que elas são a evidência da sombra do vício, do medo da repetição. Remetem ao orgulho e à vergonha. Elas seduzem ou decoram. É difícil conviver com as garrafas porque elas insistem sobre a questão da utilidade e do equilíbrio. Sabe aquela expressão "pisando em ovos"? Vou ressignificar para algo como a convivência com as garrafas.

Parte II - Do que eu percebi sobre o seu incômodo e das lições que posso tirar

Disse para ela sobre seu olhar clínico e fino porque aprecio e considero o diagnóstico. Eu sei que você é meio arrogante e é parte do seu charme. Talvez um dos elementos de identificação. Mas você morre de medo de ser julgado, esse é seu incômodo. Você já tentou julgar de forma... como dizer? Talvez a palavra seja apelativa. Não é exatamente um ponto sobre o qual pretendo te convencer. Mas há razão: eu faço vista grossa e você também justifica sua comodidade. Talk is cheap, my darling. Vale a retomada desse discurso.

Parte III - O texto bonito sobre se permitir


"(...) Permita-se. Porque eu não quero que você tenha essa pressa ao ponto de ajudar com as próprias mãos. Eu quero que você sinta esse prazer que chega aos poucos. E mata tudo que há em volta. E explode os relógios. E chega aos poucos ainda que você ainda não saiba nem quem é pouco e nem quem é lento. Porque você morre. Se você prefere a vida quando se morre um pouco por alguém. Permita-se.

Eu não faço a menor idéia de como esperar você me querer. porque se eu esperar, talvez eu não te queira mais.
Eu não queria ir embora e esperar o dia seguinte. porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo. se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilíbrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos."

Não acho que sou uma pessoa de impulsos desenfreados. O meu gostar é pensado, analisado e precisa fazer algum sentido. Tenho me permitido sim e tenho apreciado os dias terrivelmente chatos em que a sua cia me proporciona prazer e conforto. Eu gosto da sua calma, mas, no geral, não gosto de calma. Gosto da urgência (já apontada) de quem vive como se soubesse o tempo que tem para viver. E admiro a virtude de quem sabe escolher e priorizar. A vida é um paradoxo de muitas ou nenhuma possibilidade, planos e desejos.

Vou repetir: é preciso abrir caminhos. Não lhe disse, mas está sugestionado: aquele caminho ainda estou tentando abrir para mim. De repente cruza e acompanha o seu.

Eu não faço a menor idéia de como 
esperar.