sábado, 21 de novembro de 2020

Dos medos e dos desejos

o desejo de não sentir medo, quem sabe? Hoje faz sentido.

Temo que esteja guardando meu desejo em gavetas enquanto espero por você. Temo que ele se sufoque e me faça nem mais ressentida... que ele suma, como tantas outras coisas que sumiram.

Não sei em que tempo você vive, se toda a tua estrutura vai me deixar alguém de verdade. Honesta e desejosamente aqui, sabe? Fazendo valer sua oportunidade de estar e ser.

Temo que o medo tome o espaço do desejo. Não gosto de me sentir desgostosa. Não grito para olhar para mim, mas espero que você olhe. Sei que te falta vocabulário e repertório para algumas coisas básicas.

No fundo, espero algum tipo de recompensa. O problema é que as chances delas não existirem são bem altas. O reconhecimento que eu preciso demanda algo que talvez eu não tenha capacidade pedagógica de elaborar. 

E são meia noite de um sábado qualquer para um desespero e um alívio adolescente qualquer em você. E são meia noite de um silêncio qualquer e de uma inquietação assombrada sobre expectativas e realidade.

Que o medo seja menor do que o desejo. Que o desejo não seja movido pelo medo. Nem pelo impulso de auto compensação. 

Ninguém me disse, mas eu também tenho direito de sonhar. Na minha utopia, se trata de cláusula pétrea. 

Desejo satisfação. Suficiência. Correspondência no olhar, tocar e agir. 

Não sei ensinar. 

Boa sorte pra nós.



Justifico tudo para ela. Quando eu percebo seu convencimento, eu mesma me sinto desconvencida. As oportunidades são muito raras e minhas exigências são constantes.

O mundo é grande, o tempo é curto e o que eu quero só importa para mim.