quarta-feira, 27 de março de 2019

"Você parece bem"

Seja bem-vindo, meu caro companheiro
Eis aqui minha melhor atuação 
Perceba cá meu porto e nó marinheiro
Desejosas fugas, planejadas ou não 

Da triste e deprimente realidade
O não-lugar, o mau estar, me falta ar
A solidão e o peso da minha verdade
Ainda que haja o que celebrar

São as cinzas em cinzas
E há sangue e carne nas brasas
O corpo padece 
E não me agradece
A mente se cansa
Descalça
Alcança
Seu jeito 
certeiro 
de me parar

E não há tempo a perder
Tantos incêndios que apagar
A vida urge o dever 
E para viver
Ser ou estar 
Há que pagar








sexta-feira, 15 de março de 2019

Das brisas do silêncio

Eu sonhei que eu tinha morrido e precisava contar para o meu pai, mas ele não me escutava. Estou com esse sonho martelando na minha cabeça há alguns dias. A cada morte, eu morro um pouco pela parte que me toca. E me toca. Há coisas que hoje não me tocam. Vaidade, dúvida. Penso no pesadelo astrológico em que passei por aquário, libra me cercou e no momento leões me cobram. E virgens estão a seguir seus protocolos e processos particulares - resistir, plano B em ação. E tudo isso parece ser um grande esforço em dar ordem e sentido de forma a pensar na minha própria constelação, eu como centro de um grande universo.

Houve o tempo de buscar inspiração, hoje é preciso ser e assumir essa responsabilidade. Há muito tempo penso em dizer pra ele sobre a responsabilidade que penetrar nos outros requer. Eu não dei permissão para que você mexesse comigo, meu corpo está fechado. E a resposta será apática e violenta. O lugar do meu não-desejo é importante. E do seu também. 

E ela me agradeceu por ser faísca. É fôlego. A gente treina pra isso. Mergulha e respira. O corpo só cansa fora da água. E ontem ela disse: "vamo fala". Eu escutei, é bom escutar. Respeito o barulho, respeito o silêncio. Estamos mais tristes do que revoltados. Entendemos o recado. Existe um inimigo, mas ele é demasiadamente humano. E é quase o papel do vilão chateado por não encontrar um rival à altura. É difícil não ser violento. E faz mais parte da humanidade histórias de guerras do que histórias de amor. Precisamos entender melhor a violência. Os gatilhos do medo e da ansiedade.

Sempre tive esse problema com as histórias de amor. Elas não existem. Elas são contos de fada. Elas estão todas erradas. E todas as cartas de amor são ridículas. A verdade é que temos que brigar pelo amor. Toda felicidade se constrói, se acorda. Ela precisa necessariamente passar pelo campo da vontade. E o despertar da vontade não é magia, apesar de gostarmos de nos enganar. O despertar da vontade é ser honesto com você mesmo sobre o que se quer e o que não se quer. É conseguir praticar. É afinar o coro. É a porra do Graal.


Vai pensando... mas vai fazendo também, enquanto tá pensando.




terça-feira, 12 de março de 2019

Take a little pain just in case

And I can tell you know how hard this life can be
But you keep on smiling for me

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A que horas esse furacão para de rodar?

quinta-feira, 7 de março de 2019

À contragosto



Daquele doce ainda fica
Feio, exposto: 
Teu retrogosto

Dos brancos em tela
Sem revolta, sem tormento
Sem qualquer sequela
Escassez do entendimento

E o desenquadro é consequente: 
Redondo e laranja, 
Mecanicamente 

Sonham, sem valer sonhar
Falam, sem vontade de falar
Sentem, sem sentir gozar 

Não há alma que lhes possa surgir
Nem desespero que lhes faça rir
Nessa terra outra, 
Desse povo pouco




Meu troco é pouco

É quase nada