sábado, 27 de dezembro de 2014

Let the spirit swallow me




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Navegando em águas honestas

Sempre estou procurando saber o que há em você que não veio de mim. É que às vezes o que vem de mim não me permite distinguir claramente aonde eu termino e você começa. Às vezes o que vem de mim não me permite nem (me) ver quando você está tentando me mostrar. Pra além dessa teia estendida, gostaria de usar essa boa energia para construir coisas partilhadas, experienciar aprendizados e outros prazeres. Pergunto: o que eu posso fazer por você; o que você pode fazer por mim e o que podemos fazer conjuntamente?


Conduzi, trouxe meus valores pra cá
Ou será que meus valores me trouxeram aqui?
Só sei que de onde eu tô, não tem como voltar
Não penso mais em parar, minha opção é seguir


Kamau - Por onde andei

Existe uma linha muito tênue que divide o tanto que nós nos navegamos e o tanto que o mar nos navega, penso eu. Por um lado é bom deixar a vida nos levar, por outro, é importante nosso esforço no sentido de concretizar planos pessoais. Até onde o meu controle sobre o mundo tem papel ativo e até onde tem papel reativo? 

Acho que um bom conselho seria dosar nossas expectativas e nossas convicções para que não estejamos fechados às (boas) energias que nos tocam. Não digo para aceitar como vier, nem para perder o espírito crítico, mas estar aberto pro que vier. Menos medo, menos regras estúpidas. Mais confiança (em mim e no mundo) e mais liberdade no meu caminho. O meu caminho é resultado da combinação das possibilidades (prováveis e improváveis) que o mundo me ofereceu e eu tive capacidade de abraçar e de soltar.


Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou

Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Eu ando de cara pro vento, na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito

Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta

Maria Bethânia - Carta de Amor
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E lá estava ele, impacientemente esperando o ônibus. Ninguém gosta de esperar. Ninguém gosta de sentir que tomou uma decisão ruim, ao mesmo tempo. Ninguém quer arriscar perder todas as possibilidade que hoje enxerga existir. Como manter todas as possibilidades? Por quanto tempo? É difícil assumir a responsabilidade por uma escolha, especialmente quando você não sabe exatamente a conseqüência dela, porque não depende só de você. 


É preciso agir como o timoneiro, pensou: direcionar considerando o vento, a maré, as estrelas... às vezes até o horóscopo ajuda. Como saber reconhecer alguns sinais, quando eles aparecem? É preciso ser ao mesmo tempo seguro, preciso e flexível: às vezes é preciso retornar. Quando não se conhece muito bem o caminho fica muito fácil se perder. Talvez o segredo seja sempre um tanto de resguardo: planejar o caminho considerando algum tempo para a possibilidade de se perder, entre outros imprevistos.

Ele sabia exatamente onde queria ir, mas as possibilidades a respeito do melhor caminho o deixavam enlouquecido. Tantos ônibus que vão para o mesmo lugar, qual deles vai levar aonde se quer primeiro? Seria melhor atravessar a rua para pegar no ponto final e correr o risco de perder o tempo de espera aqui? E se ele passar e já se estiver indo para o outro lado? Não, definitivamente esse é o melhor ponto para se esperar; aqui existem maiores possibilidades - inclusive a possibilidade de mudar de caminho, conforme for.

Atentamente, ele checa as horas (ele sempre quer saber que horas são). Ninguém quer sentir que a vida passou e que só se ficou a vê-la passar. Não se sabe muito bem a que horas ela passa, nem mesmo se já passou, mas é provável que ainda não tenha passado. A vida é assim, meio complicada e incerta mesmo, justamente pela mistura maluca da gente agindo no mundo e o mundo agindo na gente.

Quanto ao ônibus é mais simples. Quando já se está no ponto, dentro do horário de funcionamento, certamente ele vai passar. As linhas são fixas, raramente mudam de caminho e, além de tudo, existe um sistema que faz com que os ônibus sejam confiáveis e previsíveis para melhor atender às suas necessidades de locomoção. Você só precisa ter paciência na espera.



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ah, bruta flor do querer...



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"Meu samba não se importa se eu não faço rima
Se pego na viola e ela desafina
Meu samba não se importa se eu não tenho amor
Se dou meu coração assim sem disciplina" 

Roendo as unhas - Paulinho da Viola


Dias inspirados pela tropicalidade de SP.
Esse tal de "lado caetano" me irrita ao mesmo tempo que me encanta =P.
Mas enfim, quantos outros "lados" ainda cabem em mim? Acho que não serei parte nenhuma por completo, nunca, sem ressalvas. E hoje gosto disso. Amanhã você me pergunta de novo.


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Infinitivamente pessoal.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Pequenos resmungos, firmes decisões

Feminazi, intolerante, radical...

Veja bem, meu bem. Ponha-se no seu lugar. Melhor e mais difícil pra você: ponha-se no meu lugar.












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"Analisando essa história, cada vez mais me embaraço! 
Quanto mais longe do circo, mais eu encontro PALHAÇO." 

Luiz Melodia - Contrastes

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Quanto maior o nível de compreensão, maior a chance de nos faltar auto-respeito. Até compreendo, mas não aceito: limites são importantes.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Por que precisamos ser utópicos?


Sério. Por quê?

Acho que porque o mundo precisa de inspiração pra se mover. Jogue fora tudo o que ouviu falar sobre "todos os auto-reverse da vida e
 o movimento de translação que faz a Terra girar": o que nós precisamos mesmo é de inspiração.

Agora o lance das utopias é que elas precisam ser minimamente aplicáveis à realidade, saca? (Entendeu o lance de fazer a terra girar?).


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Procurando inspiração em mim e em você também.

[De qualquer forma, a utopia é minha e eu coloco ela onde eu quiser.]

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Snap out of it



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Aproveitando os presentes efêmeros e surpreendentes do universo, por aqui =].

Boa sexta-feira (pra quem é de boa sexta-feira).

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Já falei pra você


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Eu só acrescentaria o seguinte:

Acredito que quanto maior a nossa capacidade de compreensão com os outros, maior a tendência de faltar auto-respeito. Pra moderar essa nossa hiper-carência de aceitação e convívio social, agir de acordo alguns valores em que acreditamos são importantes. Particularmente, me sinto um poço de tolerância quando concedo o benefício dos 3 strikes a pessoas muito próximas e das quais gosto muito. Mas já falei pra você também que alguns limites não podem ser cruzados sem dar cartão vermelho na hora. Não é MUITO simples? É só não vacilar.

E para quem crê que vacilos são naturalmente incontroláveis eu só recomendo que essas pessoas fiquem próximas de quem têm crenças e valores parecidos com os seus, a fim de evitar maiores danos às outras pessoas. Aqui tem parceria sim, ninguém é perfeito e meus defeitos estão aí para serem julgados também por quem escolheu conviver com eles junto das minhas virtudes.

Se a família a gente não escolhe e precisa ganhar e construir respeito ao mesmo tempo em que é "obrigado" a tolerar certos absurdos, no campo afetivo a regra é outra e eu costumo me fazer bem clara. Outra coisa: quem me conhece bem sabe como eu me posicionei e costumo me posicionar, além do quanto eu doso essa "necessidade" de suportar falta de respeito ou escrotice em nome dos tradicionais vínculos familiares. Respeito muito mais meus valores do que qualquer tradição.

Se você dorme tranquilo com você mesmo, pode ter certeza de que sei muito bem que não tenho controle sobre as ações das outras pessoas, inclusive quando a decisão é mentir ou omitir. Já tenho muito certo para mim que não durmo bem nem quando vacilo com alguém nem quando alguém vacila comigo. Nem sempre a gente precisa por a mão no fogo pra aprender que queima, certo?

Então, dentro dos limites da consciência que a gente pode ter dos eventos do mundo, procuro dormir bem e, de novo, a confiança é "mulher ingrata (...)": anos pra construir, segundos pra destruir. Aos que já foram expulsos da minha vida e aos que eventualmente serão, não lamento. O erro das minhas avaliações me serve de aprendizado. O que é justo, é justo... e é só assim que é.

Esclarecendo: não é indiretinha pra ninguém, só relato. O meu papo normalmente é reto e o recado já foi quase sempre dado.