domingo, 30 de novembro de 2014

"Estamos vivos - wra!"



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Enquanto eles capitalizam a realidade
Eu, eu socializo meus sonhos
Sérgio Vaz

[cons]
        [pir[a]ções]
  [ins]


=].

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Essas coisas lindas que nunca existirão...

O que me dói não é 
O que há no coração 
Mas essas coisas lindas 
Que nunca existirão... 

São as formas sem forma 
Que passam sem que a dor 
As possa conhecer 
Ou as sonhar o amor. 

São como se a tristeza 
Fosse árvore e, uma a uma, 
Caíssem suas folhas 
Entre o vestígio e a bruma. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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Secretamente invejo as pessoas com problemas de memória.

 


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Vestígios de você


So again I've done the right thing
I was never worried about that
The answer's always been in clear view
But even when the window's clean
I still can't see for the fact
That when it's clean it's so clear
I cant tell what I'm looking through

De repente, você resolveu fazer a coisa certa, também. E eu, querendo transitar livremente entre a regra e a exceção, acabei por quebrar as minhas regras para virar sua exceção. Estou um pouco cansada de ser a exceção que move as pessoas... me pergunto qual a minha parcela de responsabilidade na assunção desse papel.

Mas também não sei se me agrada a idéia de ser a regra que lida com as exceções... não sei. Talvez por isso eu goste de questionar as regras e tenho essa vontade absurda de redefini-las. Simplesmente não parece haver posição que me agrade nesse jogo.

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Acho que eu estou ficando louca e começando a te ver aonde você não está, nem nunca esteve. Não sei muito bem, mas acho que aquela coisa da gente se encontrar sempre por acaso, mas nunca sem querer, mexeu e continua mexendo com a minha sanidade mental. Você sempre teve esse estranho poder de fazer com que eu questionasse seriamente a minha sanidade mental, a minha capacidade de avaliação e de julgamento... não sei porquê, mas você faz isso. Você me bagunçou toda, algumas vezes.

E, sim, eu acho que estou dando de louca com outras pessoas por ter plantado essa semente em julho acreditando num certo caminhamento das coisas. Eu acreditei mesmo que a gente estava indo pra algum lugar com toda essa nossa loucura disfarçada de normalidade e autocontrole - a grande farsa social. Na pior das hipóteses foi poesia... e desenrolamos nossas habilidades de atuação. Era um plano maluco, uma rota de fuga... era insanamente romântico, por ser proibido e impossível. Às vezes o impossível não é só questão de opinião, mas depende das ações das pessoas. Da minha parte, honestamente, sem saber que era impossível, eu fui lá e fiz.

...better that I break the window, than him, or her or me.

Mas o que ficou disso tudo? O julgamento, a paranóia, as conversas com nós mesmos que nos convencem de que tudo que talvez procurássemos um no outro era mentira. Era a nossa parte mais mesquinha e egocêntrica querendo confete. Era a vontade de ser lobo, e não cordeiro. Cagaço do cosmos; medo de ser devorado.

Medo.


But I'm as good as asleep
I bet you didn't know. It takes a lot of it away if you do.

Provavelmente volto a te encontrar nos próximos sonhos perturbadores. Ou no rosto de estranhos esbarrados por aí.

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As flores do maracujá nunca deram suas caras por aqui, mas eu vibro a cada ensaio... a vontade de vê-las brotando é grande. Brotaram as orquídeas e agora elas morreram. Eu sou uma péssima jardineira. 


Queixo-me às flores. Mas que bobagem, as flores não falam.


>>What the hell am I looking through?





sábado, 15 de novembro de 2014

O meu mais sincero "foda-se"

Quando ela saiu de casa, deixou um bilhete falando sobre “espaços vazios”. Espaços vazios. Me deixou esse enigma... como se sabe, sobre os enigmas, ou você os decifra ou eles te devoram. Né?

Bom, em primeiro lugar, obrigada. Foi tudo que eu sempre quis de você: que você me mostrasse coisas que eu não tinha coragem pra enfrentar ou que eu não pudesse ver. Que você me levasse para fazer coisas que eu pensava que nunca faria porque eu não tinha capacidade de superar minhas barreiras. O "porque eu acho que elas são insuperáveis" está implícito aí também - as convicções mais ou menos enraizadas. E aquele lance meio utilitarista também.

Teu maior espaço vazio quanto a nós, se você me permite explorar esse assunto, eu arriscaria dizer que era o seu gosto por animais de estimação. (Se você não me permite, advogo sob o aspecto da “licença poética”. Tenho certeza que não trará discussões porque você acredita nisso).

Simplesmente existe algo que me perturba muito sobre isso. Tem a ver com dependência, tem a ver mais ainda com dominação e carência que, juntas, justificam um gostar a ponto de prender. Jaula, encarceramento, prisão. Tirar a liberdade de interação com o mundo. Pensar naquela coisa errada – e só naquela coisa errada que você fez. Mas eu bem entendo que uma relação de dominação não é necessariamente opressora, que a teia é complexa e que pode estar a favor da criação (salve, Foucault). Eu acredito na força criativa como uma nova forma de organizar o mundo a partir da definição daquilo que não queremos ser.

Sobre a prisão, acredito que envolva uma (falsa) idéia de necessidade e um espírito de benevolência e caridade tão dignos de rechaço quanto a culpa católica. O que eu digo pra culpa católica? Eu digo: errado para quem? Você espera que eu me arrependa para ser perdoado? Eu não me arrependo, não cometi crimes, não fui desleal nem infiel. Sobre o passado, Inês é morta. Remorso é desperdício de energia vital. Eu procuro agir de acordo com as minhas convicções, encarar os fatos e agir de forma a conter danos. 

Quanto ao espírito de benevolência para a pressuposta necessidade do outro, eu entendo que você age de boa-fé, acreditando estar fazendo um bem ou até mesmo querendo salvar o mundo. Mas eu questiono suas motivações. Daquela parte do mundo que não é bonita, eu realmente acredito que “everybody is looking for something / some of them want to use you/ some of them want to be abused”. Ah, Sweet Dreams... eu, como boa cientista social, fico emputecida com a idéia de caridade, piedade e outras formas de menosprezar e diminuir as capacidades dos outros seres.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=QUvVdTlA23w

Você, naturalmente, como todo bom observador, aprende olhando. E você sempre me olhou bastante...até onde e quando eu não queria que você olhasse. Seu maior trunfo foi me conquistar docilmente e não me esconder a fera que existia dentro de você. Não. Pensei melhor:  o meu maior trunfo foi ver isso em você, como estou acostumada a balancear (muito bem, eu diria) “o médico e o monstro”, dentro de cada um de nós. 

Daquela parte do mundo que é bonita: eu quis te fazer pose, pra conquistar tua poesia. Entre o médico e o monstro, está o artista. Sedutor. Criativo. Me vende a idéia de liberdade, ainda que uma liberdade produzida e preocupada em agradar o público. O drama, a performance...o truque. A ilusão e a contrapartida do esclarecimento. E você sabe que eu gosto de poesia... você sabe até do que eu não gosto nela.

Aí, de novo, eu, como boa cientista social, venho dizer que acredito que a observação participante é muito interessante como método de pesquisa (salve, Malinowski), mas fico extremamente incomodada com a idéia de um ator antropólogo. Quer dizer, quem é você que quer falar de meus espaços vazios (ou mesmo os cheios) sem experienciar na minha pele? Eis o que eu não gosto da poesia: ela é assim, “meio farsa, meio fraude” (salve, carbono e amoníaco, rs).

Link: http://carbonoeamoniaco.blogspot.com.br/2013/07/cancao-do-quase-amor.html

(...)

A maior lição que você me ensinou e que eu poderia ter aprendido nesse ponto da minha vida era olhar pros meus defeitos. (Às vezes eu acho que tenho vocação pra ser escritora de biscoito da sorte. Às vezes eu dou risada disso e outras me reprimo por dar risada disso também.). Experimentando o que me serve; me achando nas minhas críticas. Transitando entre o médico e o monstro. Transitando livre e arbitrariamente entre a regra e a exceção – ai como me prendem as regras e quanto me custam as exceções! Lidando com aquele desconfortável lado “ator”ou “artista” dentro de mim também.

Na verdade, você acabou me ensinando a olhar pra mim. Isso, quando a gente se conheceu, era o que eu precisava, realmente. Acontece que sempre achei que eu não precisava de muita coisa – primeiro espaço vazio. Na verdade eu sempre achei que a gente tinha coisas demais... coisas das quais não precisávamos. Então eu quis me desapegar. E aprendi com dona encrenca os meus limites do desapego e da liberdade – ela sempre encontra eles. Quanto vale a liberdade? (salve Cólera).

Um “salve”.
Especialmente para os invocados.

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Eu me, sinto às vezes meio pá, inseguro
Que nem um vira-lata sem fé no futuro
Vem alguém lá, quem é quem, quem seró meu bom
Dá meu brinquedo de furar moletom

Porque os bico que me vê com os truta na balada
Tenta ver, quer saber de mim não vê nada
Porque a confiança é uma mulher ingrata
Que te beija, e te abraça, te rouba e te mata
Desacreditar, nem pensar, só naquela
Se uma mosca ameaçar, me catá, piso nela 

(...)

Eu não tenho dom pra vítima
Justiça e liberdade, a causa é legítima
Meu rap faz o cântico dos loko e dos românticos
Vou pôr o sorriso de criança, onde for
Aos parceiros tenho a oferecer minha presença
Talvez até confusa, mais real e intensa


Racionais – Vida Loka (parte I)


terça-feira, 4 de novembro de 2014

My own Anti-pleasure dissertation





The title comes from an "honest" Bikini Kill's song. Kathleen Hannah will always be a huge female reference for me. I strongly recomend the movie "The punk singer" about her. As well as L7, my first purchased disc and 7 year bitch, among other bands.

And when people ask why there aren't more women in bands, I agree with Kathleen Hannah's surprise saying "Duh...". Isn't that obvious?

I'm always looking for female musician references. If you have someone or some band to introduce me, please, be welcome =].

(You can watch her saying that in the beggining of this video: https://www.youtube.com/watch?v=vjS0R5BmYtg&index=22&list=PLXrMkY_dJ74ox4rYkEn8VrDRLPBwEGtN6)

So, I'm gonna post something especially to my female friends now:



Hey Girlfriend


I got a proposition goes something like this:

Dare ya to do what you want

Dare ya to be who you will

Dare ya to cry right outloud

"You get so emotional baby"


Double dare ya, double dare ya, double dare ya

Girl fucking friend yeah

double dare ya

Double dare ya

double dare ya, Girl


Don't you talk out of line

Don't go speaking out of your turn

Gotta listen to what the Man Says

Time to make his stomach burn

Burn, burn, burn, burn, burn, burn


Double dare ya, double dare ya, double dare ya

Girl fuckin' friend yeah

Double dare ya

Double dare ya

Double dare ya, Girl


You're a big girl now

You've got no reason not to fight

You've got to know what they are

For you can stand up for your rights

Rights? Rights?

You DO have Rights


Double dare ya, double dare ya

Double dare triple fuckin dare ya girlfriend

Double dare ya, double dare ya, double dare ya, Girl


Link: https://www.youtube.com/watch?v=NH-9Pow-2oE&index=23&list=PLXrMkY_dJ74ox4rYkEn8VrDRLPBwEGtN6

sábado, 1 de novembro de 2014

Inclinações



Aqueles suspensórios vermelhos me intrigaram desde o primeiro instante. Fui convencida a não ficar, como de costume. Mas fui, como quem não quer se arrepender de não ter ido, ao menos. Eu pensava o quanto que a ordem dos eventos anteriores estava influenciando para as possibilidades que me foram abertas, como normalmente fico fazendo na remota tentativa de entender as pistas, decifrar uma lógica pessoal do cosmos, tentar achar meu caminho. 

E eu gosto de estar sempre aberta às possibilidades, por mais que meu instinto racional pareça estar viciosamente tentando me convencer da inércia, elencando quase que imediatamente uma série de problemas sobre a situação presente que majoritariamente operam não para uma idéia otimista sobre o futuro, mas para um passado regado à nostalgia. O passado e o futuro; sempre impossíveis. Eu e os meus problemas temporais, a minha fome de mundo, minha vontade do absurdo.

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Declaro: as aulas de física me influenciaram muito mais do que qualquer outra doutrina. Dinâmica dos corpos e movimentos no tempo e no espaço.


1.º Lei de Newton - Inércia
Inércia: resistência que um corpo oferece à alteração do seu estado de repouso ou de movimento. Um corpo que se encontre em repouso, continuará em repouso se a resultante das forças que nele atuam for nula; um corpo em movimento, continuará a mover-se em linha reta e sempre à mesma velocidade (movimento retilíneo uniforme), se a resultante das forças que nele atuam for nula; para que haja alteração da velocidade do corpo, é necessário que se exerça sobre este uma força.

2.ª Lei de Newton - Fundamental da Dinâmica
Força = massa do corpo x aceleração

3.ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação
As forças atuam sempre em pares. Para toda força de ação, existe uma força de reação de mesma intensidade, mesma direção e de sentido contrário. As forças de ação e reação possuem  a mesma natureza - são ambas de contato ou de campo; São forças trocadas entre dois corpos; Não se equilibram e não se anulam, pois estão aplicadas em corpos diferentes.


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Pois bem. A interação entre os corpos diferentes é sempre algo muito instigante e ao mesmo tempo muito rotineiro. O que nos move? O que nos convence e o que nos faz mudar de idéia? Do que se constitui a nossa força? O que nos provoca? O que produz faísca, o que nos choca, o que nos faz sentir afinidade? O que nos atrai e o que nos repele? E, por fim, para onde ou para o quê nos inclinamos?

[Levantando algumas daquelas perguntas que faltavam.]

Mas aqui precisamos de um pouco da parte da cinemática, já que nos importa: trajetória, direção e sentido. A combinação das coisas é quase sempre imprevisível. De repente, podemos caminhar juntos. Podemos caminhar separados, mas ainda podemos estar no mesmo sentido, de repente podemos nos cruzar. Acredito que possuímos inclinações para pontos semelhantes. Talvez a força seja parecida, com combinações diferentes. Talvez tenhamos a capacidade de nos provocarmos e isso nos tire de um estado de inércia.


Às vezes são besteiras, suspensórios e cadarços vermelhos que me chamam a atenção. Que me fazem sentir a afinidade e a provocação que nos colocaram onde estamos hoje. E me fazem ter menos dúvidas sobre a coerência da ordem das coisas.

Dentro da naturalidade mística que paira no ar...


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There's a natural mystic
Blowing through the air
If you listen carefully now you will hear

It  could be the first trumpet
Might as well be the last
Many more will have to die
Many more will have to cry
Don't ask me why (Oh, no)

I said things are not the way they used to be (Oh, no)
Don't tell no lie!
One and all got to face reality now
(Reality)


Though I try to find the answer
To all the questions they ask
Though I know it's impossible
To go living through my past
Don't keep them down! (Oh, no)

There's a natural mystic
Blowing through the air

Natural mystic - Bob Marley

>>https://www.youtube.com/watch?v=EeQy4CE9bto