segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Let's talk about that shark

Ah, nada melhor do que um belo sonho complicado pra nos inspirar a pensar nas nossas metáforas, não é mesmo? A nossa capacidade criativa é uma beleza, já estava com saudades. E nada melhor do que uma bela viagem pra gente se inspirar e dar aquela meditada nas fases da nossa vida. Pois bem, este é o prólogo.

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Primeiro conjunto de elementos - o perigo e a fuga: vale dizer que estavam tentando me matar, sabe-se lá o porquê. E aí rola uma fuga e perseguição louca, que finaliza apenas com esconderijo junto a um guardião de floresta que dividiu sua barraquinha de camping comigo, hehe. O segurança me ajudou com a minha segurança dentro de suas precárias condições de proteção. Aí consegui pular aquele muro.

Segundo conjunto de elementos - as dívidas e as auto-cobranças: não é novidade que eu não gosto de dever nada para ninguém e aquela professora - vale dizer, bela representação, da mais respeitosa estirpe na minha mitologia familiar - veio me cobrar de um brinco, de não sei mais que coisas que eu tinha tomado para mim e ela estava magoada por eu não tê-las devolvido. Muito bem, acho que dá pra superar essa pelas ordens do evento do mundo, tirando meus fantasmas dali.

Terceiro conjunto de elementos - as paisagens e os encontros: destaque para minha irmã, que me achou, sem nada, vagando à pé por SP. Quem é que sabe quem é você quando você está por aí, sobrevivendo à caminho de casa? Acho que dá pra estabelecer intenção de ajuda e confiança, né, mesmo com todas as rivalidades infantis e as ações tortas que fazemos. Ninguém tá querendo se prejudicar aqui. E aquelas pessoas que cruzam com a gente, em novos cenários, em brisas dramáticas de transição de fases, acontecem por algum motivo. Eu tomei bronca, eu confiei na brincadeira do castelo e nas vivências do passado e partilhei a vontade de não entrar no mar - pelo frio ou pelo medo de tubarões.

Quarto conjunto de elementos: aqui voltou a questão da cobrança, porque eu não pulei no "já". E me vi sendo cobrada pela falta de atitude gerada pelo medo. A gente precisa respeitar o medo dos outros, eu sei. Mas tem aquele lado nosso que acha que o medo dos outros é tão irracional, tão aprisionante e limita tanto as pessoas. Eu acho que uma boa linha de respeito aqui é realmente entender que o seu medo não deve servir de limitação para os outros - e agora estou mesmo falando de outra coisa. Essa é a medida justa do equilíbrio que você deveria buscar, se você tivesse pedido minha opinião sobre esse assunto. 

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Mas voltando pra questão daquele tubarão, vou entrar em contradição sobre o que a minha linha cética me fez afirmar há alguns dias, rs. Acho que existe uma simbologia dos arquétipos sociais importante a ser sempre desconstruída. Sim, o tubarão representa o medo, mas medo do quê, né? Nesse caso acho que, de todos aqueles tubarões com quem eu nadei e sobrevivi, não posso ter medo de enfrentar mais um, rs. O querer sempre precisa ser respeitado e rola aquela dúvida que paira sempre nos campos afetivos e materiais sobre a porta que se abre e você já vai entrando, mesmo que estivesse seguindo o corredor atrás de outra, rs. Devo entrar, devo passar reto? Quanto tempo e quantas oportunidades vou perder, o que vou ganhar? 

A balança é mais promissora comigo fazendo contra-peso, ele acredita. Vamos ver no que mais as pessoas acreditam e o que a gente pode fazer de produtivo com isso, mais uma vez =].