Período: 20/12/14 - 07/03/15
Ela tinha me dito que eu sempre fui mais corajosa. Olha, não sei muito bem... mas acho que eu sempre fui mais persistente - o que traz coisas boas e coisas ruins, rs. A coisa boa acho que é capacidade de concretização que isso proporciona. A coisa ruim é não saber a hora de reconhecer que não vai dar certo. Engraçado que a questão do copo meio cheio ou meio vazio é latente, rsrs. Porque aí você começa a achar que se tudo depende de como encaramos as coisas, se as pessoas visionam uma coisa equivalente a ser concretizada, tudo parece ser perfeitamente possível.
Sempre gostei de saber como as coisas funcionam. Acho que esse tem sido o meu jeito de encarar o mundo; desmistificar. Veja, com as pessoas isso é um problema muito evidente à sua própria anunciação: as pessoas não funcionam como as coisas. As pessoas são equações complexas. Mas também estão inseridas numa estrutura.
Então acaba sendo simplista demais reduzir ou limitar a análise a isso. Claro, não deixamos de reconhecer o valor que essas tipificações trazem ao nos proporcionar alguma coisa além do desconhecido pra gente olhar, rs. (Estou me segurando pra não contar que estou pensando aqui na minha simpatia por Durkheim e Lévi-Strauss - que o povo das sociais odeia porque acha que é muito difícil / muito chato). Na verdade é simples até demais, por isso deixa a desejar, mas é um ótimo ponto de partida a tal da esquematização, por mais que ela perca em detalhes.
Beleza, próximo nível do estudo.
Teste das hipóteses iniciais e observação. Você vai tentando entender em que medida a pessoa se afasta e se aproxima daquilo. Princípio de mindfuck: você, observador, precisa dosar a sua interpretação do mundo a partir da construção maluca que é você. Na antropologia mais moderninha é uma questão ligada à autoridade do discurso: quem fala e de onde essa pessoa fala interfere na sua interpretação e no seu julgamento sobre o que está tentando descobrir.
Você, nessa perspectiva cientificista da coisa, que envolve uns testes e paciência para esperar os resultados, tá lá, tentando interferir o menos possível no que tá tentando entender. E esse processo é realmente mais tranquilo quando você sai de um ponto de partida que é praticamente inquestionável; o observador (inquestionável), que não podemos negar a existência mais, é familiar, é totalmente conhecido. Totalmente sob controle. Você tem os materiais e os métodos necessários e sabe qual o objetivo final do estudo! Do que mais você precisa? Mão na massa!
Você acha que se conhecendo muito bem vai ter todo o cuidado de interferir o mínimo possível na situação toda. Autocontrole é empoderador. Conhecimento e habilidade também. Aí o mindfuck se manifesta: você começa a se questionar e tudo parece muito frágil. Inclusive você. Às vezes você precisa se lembrar que você é forte, às vezes precisa lembrar que é fraco. Aí, fudeu, você nem sabe do que é que vc deveria estar se lembrando, porque tá num campo totalmente desconhecido em que os seus parâmetros não fazem o menor sentido.
Atordoado com essas confusões, mas tentando manter a calma, você começa a se questionar sobre se vale a pena continuar fazendo o que você se propôs a fazer, haha. Você considera que: (1) partiu de um ponto que é altamente questionável, (2) entendeu que o plano de passar por ali sem deixar rastros falhou - porque a sua existência e permanência no tempo e no espaço são inegáveis, (3) o propósito da coisa toda parece ter se perdido porque as condições mudaram e continuam mudando o tempo todo, (4) sua sensibilidade está amortecida mediante estímulos contínuos. Mindfuck nível hard. Abortar a missão ou se permitir a experiência?
Monitoramento dos sintomas e efeitos fisiológicos: Quando o coração bombeia muito sangue, a temperatura do corpo aumenta. A respiração fica ofegante. O álcool afina o sangue e você está essa bomba de adrenalina, tentando manter o controle da sua mente, que tá acelerando o seu corpo. Aí vem a morfina interna (endorfina) quase que como uma ação da brigada de incêndio extremamente eficiente. Sensação de bem-estar, estresse inibido.
Monitoramento dos sintomas e efeitos metafísicos: Não adianta resolver os sintomas do seu corpo com a sua mente travada. Não adiante querer resolver os problemas da sua mente com o corpo travado. Não adianta também não querer resolver.
Sobre a identidade perdida: Pedi 2a via, Poupatempo enrolou, fui viajar e peguei assim que pude. Meu nome mudou. Entendi metafisicamente também, como o lance da pulseira. Ah é, também muita coisa só fez sentido depois que assisti ao filme "Simplesmente Alice" do Woody Allen, recentemente, rs.
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