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Navegando em águas honestas
Sempre estou procurando saber o que há em você que não veio de mim. É que às vezes o que vem de mim não me permite distinguir claramente aonde eu termino e você começa. Às vezes o que vem de mim não me permite nem (me) ver quando você está tentando me mostrar. Pra além dessa teia estendida, gostaria de usar essa boa energia para construir coisas partilhadas, experienciar aprendizados e outros prazeres. Pergunto: o que eu posso fazer por você; o que você pode fazer por mim e o que podemos fazer conjuntamente?
Conduzi, trouxe meus valores pra cá
Ou será que meus valores me trouxeram aqui?
Só sei que de onde eu tô, não tem como voltar
Não penso mais em parar, minha opção é seguir
Kamau - Por onde andei
Existe uma linha muito tênue que divide o tanto que nós nos navegamos e o tanto que o mar nos navega, penso eu. Por um lado é bom deixar a vida nos levar, por outro, é importante nosso esforço no sentido de concretizar planos pessoais. Até onde o meu controle sobre o mundo tem papel ativo e até onde tem papel reativo?
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Eu ando de cara pro vento, na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta
Maria Bethânia - Carta de Amor
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E lá estava ele, impacientemente esperando o ônibus. Ninguém gosta de esperar. Ninguém gosta de sentir que tomou uma decisão ruim, ao mesmo tempo. Ninguém quer arriscar perder todas as possibilidade que hoje enxerga existir. Como manter todas as possibilidades? Por quanto tempo? É difícil assumir a responsabilidade por uma escolha, especialmente quando você não sabe exatamente a conseqüência dela, porque não depende só de você.
É preciso agir como o timoneiro, pensou: direcionar considerando o vento, a maré, as estrelas... às vezes até o horóscopo ajuda. Como saber reconhecer alguns sinais, quando eles aparecem? É preciso ser ao mesmo tempo seguro, preciso e flexível: às vezes é preciso retornar. Quando não se conhece muito bem o caminho fica muito fácil se perder. Talvez o segredo seja sempre um tanto de resguardo: planejar o caminho considerando algum tempo para a possibilidade de se perder, entre outros imprevistos.
Ele sabia exatamente onde queria ir, mas as possibilidades a respeito do melhor caminho o deixavam enlouquecido. Tantos ônibus que vão para o mesmo lugar, qual deles vai levar aonde se quer primeiro? Seria melhor atravessar a rua para pegar no ponto final e correr o risco de perder o tempo de espera aqui? E se ele passar e já se estiver indo para o outro lado? Não, definitivamente esse é o melhor ponto para se esperar; aqui existem maiores possibilidades - inclusive a possibilidade de mudar de caminho, conforme for.
Atentamente, ele checa as horas (ele sempre quer saber que horas são). Ninguém quer sentir que a vida passou e que só se ficou a vê-la passar. Não se sabe muito bem a que horas ela passa, nem mesmo se já passou, mas é provável que ainda não tenha passado. A vida é assim, meio complicada e incerta mesmo, justamente pela mistura maluca da gente agindo no mundo e o mundo agindo na gente.
Quanto ao ônibus é mais simples. Quando já se está no ponto, dentro do horário de funcionamento, certamente ele vai passar. As linhas são fixas, raramente mudam de caminho e, além de tudo, existe um sistema que faz com que os ônibus sejam confiáveis e previsíveis para melhor atender às suas necessidades de locomoção. Você só precisa ter paciência na espera.
E lá estava ele, impacientemente esperando o ônibus. Ninguém gosta de esperar. Ninguém gosta de sentir que tomou uma decisão ruim, ao mesmo tempo. Ninguém quer arriscar perder todas as possibilidade que hoje enxerga existir. Como manter todas as possibilidades? Por quanto tempo? É difícil assumir a responsabilidade por uma escolha, especialmente quando você não sabe exatamente a conseqüência dela, porque não depende só de você.
É preciso agir como o timoneiro, pensou: direcionar considerando o vento, a maré, as estrelas... às vezes até o horóscopo ajuda. Como saber reconhecer alguns sinais, quando eles aparecem? É preciso ser ao mesmo tempo seguro, preciso e flexível: às vezes é preciso retornar. Quando não se conhece muito bem o caminho fica muito fácil se perder. Talvez o segredo seja sempre um tanto de resguardo: planejar o caminho considerando algum tempo para a possibilidade de se perder, entre outros imprevistos.
Ele sabia exatamente onde queria ir, mas as possibilidades a respeito do melhor caminho o deixavam enlouquecido. Tantos ônibus que vão para o mesmo lugar, qual deles vai levar aonde se quer primeiro? Seria melhor atravessar a rua para pegar no ponto final e correr o risco de perder o tempo de espera aqui? E se ele passar e já se estiver indo para o outro lado? Não, definitivamente esse é o melhor ponto para se esperar; aqui existem maiores possibilidades - inclusive a possibilidade de mudar de caminho, conforme for.
Atentamente, ele checa as horas (ele sempre quer saber que horas são). Ninguém quer sentir que a vida passou e que só se ficou a vê-la passar. Não se sabe muito bem a que horas ela passa, nem mesmo se já passou, mas é provável que ainda não tenha passado. A vida é assim, meio complicada e incerta mesmo, justamente pela mistura maluca da gente agindo no mundo e o mundo agindo na gente.
Quanto ao ônibus é mais simples. Quando já se está no ponto, dentro do horário de funcionamento, certamente ele vai passar. As linhas são fixas, raramente mudam de caminho e, além de tudo, existe um sistema que faz com que os ônibus sejam confiáveis e previsíveis para melhor atender às suas necessidades de locomoção. Você só precisa ter paciência na espera.
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