terça-feira, 3 de abril de 2018

As memórias dele

Um dia ela me perguntou sobre ele, como quem quisesse justificar para si mesma de que o universo havia entrado em sua nova ordem cósmica, de forma perfeitamente previsível. Tenho cagaço do cosmo, lembrando aqui. Me incomodava profundamente a idéia de que havia algum tipo de "lição" naquela história toda, especialmente pela culpa que me assolava por saber desse meu comportamento viciado em rotas de fuga no esquema autocompensação (dor pelo prazer).

Lembro que ele não se achava inteligente o bastante. E eu gostava de me aproveitar disso. Um pouco, não muito. Era uma inversão de ordem da impressão primeira. Ele dizia que eu tinha a língua bifurcada. Ele sempre achou que eu estava sendo cruel com ele, mas, no fundo, acho que ele sabia que havia algo de cruel e compensatório também nele mesmo. Eu elogiava seu sorriso sinceramente. Estava interessada nele. Havia algo de interessante acontecendo em mim também e foi inevitável investigar.

Mas eu acho que a gente entrou numa guerra para ver quem cedia primeiro aos caprichos um do outro. Pedi pra ele parar, por favor. E eu também acho que foi por conta do abalo sísmico que voltei a pensar nisso tudo. Sabe como é... a gente sente coisas fortes e esquisitas que a gente não sabe de onde vem, de vez em quando. 


Homens fazem isso (sim, estou sendo sexista)... não fecham portas, só dão uma encostadinha.

- E as mulheres, como fazem?





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