Outra expressão legal que eu aprendi foi sobre a “neutralidade axiológica”. Lembro de achar um grande sucesso conseguir traduzir todo aquele vocabulário distinto e decifrar o clube do livro em conversas de boteco. Ah, era tão perverso massificar o que foi construído para ser um rito de evocação de verdades anteriores ditas por distintos do passado!
O preferidinho da galera era o Weber ou o próprio Marx. Sempre gostei do Durkheim. Pq ele era sistemático (piada redundante detectada). Ele trabalhava com dados, ele olhava o todo pra entender o particular. Essa é a definição de sociologia para mim. Vale dizer que eu costumava ser 10 em política e em antropologia, porém mediana na sociologia. Aí escolhi fazer o tcc em sociologia, hehe. Mas enfim, em contraposição aos clássicos mais práticos, tinha o Weber.
Apesar dos “Três tipos puros de dominação legítima” ter consistido no grande “hit” para o qual pedi “bis” durante anos, achei particularmente irritante no Weber essa discussão toda sobre a tal da neutralidade axiológica. Acho mesmo que é a grande maquiagem que sustenta a legitimidade de alguém tomar qualquer decisão por você.
Explico.
Você pode confiar em um método, por exemplo o científico. Porém as redundâncias da própria ciência nos levam à separação entre observador e objeto da pesquisa. As condições de laboratório equiparadas à natureza, etc. Por mais que se acredite que seja antigível a menor interferência possível por meio de um método qualquer por parte do observador, o próprio ato da observação não pode ser aniquilado da narrativa lógico-argumentativa.
Então acho ingenuidade ou mau caratismo esse negócio de associar qualquer aspecto ou pessoa “técnica” ao papel de avaliador imparcial sem que se observe a moralidade implícita do observador. Se é a melhor técnica, que fique claro a que ela serve. E qualquer correspondência com a nossa realidade sociológica atual que você pode ter feito lendo isso daqui não é mera coincidência.
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A casa na árvore
Como se sabe, ela representa um sonho infantil. Ela também representa a força criativa, o rompimento do tédio e da redundância. Independentemente de um sonho importado ou genuíno, precisamos de uma casa na árvore; ainda que ela não seja necessária, entende?