quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Das composições em manhã cedo

 A lealdade não pode ser comprada e não se ganha por meio de flertes ou discursos picaretas. É uma construção lógica muito bem amarrada. Não se prova por bottons nem por camisetas, independentemente da sua prática religiosa. Há algo de paixão e de devoção ali. Como algo orgânico e completo, não deixa rastros nem vestígios ao final de seus processos.

Espera-se que a identidade de um se dilua. Se há culto ao ego, talvez não possa haver lealdade plena. E ídolos têm algo de infantis (no sentido de sua imprudência inocente) ou adolescentes rebeldes que provavelmente se sabotam e não querem nem saber, ao passo que ideais vivem a vida longa. Há algo de inevitável e corriqueiro sobre as idealizações todas.

Há também algo sobre credibilidade que eu queria te dizer. Como aquele rapaz terrível-mas-não-tão-terrível-assim me disse: crédito é uma promessa. E quando eu falo em não haver credibilidade, acho que tem algo a ver com falsas promessas. Se você não está convencido, não há como me convencer. Entre o cru e o cozido; tudo bem. Há como não perder os valiosos nutrientes.

Outro ponto é que, no tocante à minha sensibilidade, penso que, sim, endureci. Não perdi a ternura, mas passei a me importar mais sobre o que deixo ou não me transpassar, entende? Acho que viola. O que você permite que te toca, no meu corpo não vai achar permissão. É o preço pago devidamente. 

Não como uma espécie de sanção moralizante, porque para moralizar há que se crer nos efeitos disciplinatórios. A figura do juiz também toma medidas cautelares. Mas o banimento necessário da autopreservação histórica. Não há reconstrução capaz de fazer ponte. Teu acesso foi negado. Nos meus ouvidos e na minha pele penetram energia responsável e empática. O que é importante para mim precisa ser importante para quem eu permito.

E todo o dia o sol levanta.

E eu torço que o cruzamento geográfico dos ventos dos nossos desejos nos traga boa viagem.

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