sábado, 27 de dezembro de 2014

Let the spirit swallow me




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Navegando em águas honestas

Sempre estou procurando saber o que há em você que não veio de mim. É que às vezes o que vem de mim não me permite distinguir claramente aonde eu termino e você começa. Às vezes o que vem de mim não me permite nem (me) ver quando você está tentando me mostrar. Pra além dessa teia estendida, gostaria de usar essa boa energia para construir coisas partilhadas, experienciar aprendizados e outros prazeres. Pergunto: o que eu posso fazer por você; o que você pode fazer por mim e o que podemos fazer conjuntamente?


Conduzi, trouxe meus valores pra cá
Ou será que meus valores me trouxeram aqui?
Só sei que de onde eu tô, não tem como voltar
Não penso mais em parar, minha opção é seguir


Kamau - Por onde andei

Existe uma linha muito tênue que divide o tanto que nós nos navegamos e o tanto que o mar nos navega, penso eu. Por um lado é bom deixar a vida nos levar, por outro, é importante nosso esforço no sentido de concretizar planos pessoais. Até onde o meu controle sobre o mundo tem papel ativo e até onde tem papel reativo? 

Acho que um bom conselho seria dosar nossas expectativas e nossas convicções para que não estejamos fechados às (boas) energias que nos tocam. Não digo para aceitar como vier, nem para perder o espírito crítico, mas estar aberto pro que vier. Menos medo, menos regras estúpidas. Mais confiança (em mim e no mundo) e mais liberdade no meu caminho. O meu caminho é resultado da combinação das possibilidades (prováveis e improváveis) que o mundo me ofereceu e eu tive capacidade de abraçar e de soltar.


Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou

Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Eu ando de cara pro vento, na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito

Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta

Maria Bethânia - Carta de Amor
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E lá estava ele, impacientemente esperando o ônibus. Ninguém gosta de esperar. Ninguém gosta de sentir que tomou uma decisão ruim, ao mesmo tempo. Ninguém quer arriscar perder todas as possibilidade que hoje enxerga existir. Como manter todas as possibilidades? Por quanto tempo? É difícil assumir a responsabilidade por uma escolha, especialmente quando você não sabe exatamente a conseqüência dela, porque não depende só de você. 


É preciso agir como o timoneiro, pensou: direcionar considerando o vento, a maré, as estrelas... às vezes até o horóscopo ajuda. Como saber reconhecer alguns sinais, quando eles aparecem? É preciso ser ao mesmo tempo seguro, preciso e flexível: às vezes é preciso retornar. Quando não se conhece muito bem o caminho fica muito fácil se perder. Talvez o segredo seja sempre um tanto de resguardo: planejar o caminho considerando algum tempo para a possibilidade de se perder, entre outros imprevistos.

Ele sabia exatamente onde queria ir, mas as possibilidades a respeito do melhor caminho o deixavam enlouquecido. Tantos ônibus que vão para o mesmo lugar, qual deles vai levar aonde se quer primeiro? Seria melhor atravessar a rua para pegar no ponto final e correr o risco de perder o tempo de espera aqui? E se ele passar e já se estiver indo para o outro lado? Não, definitivamente esse é o melhor ponto para se esperar; aqui existem maiores possibilidades - inclusive a possibilidade de mudar de caminho, conforme for.

Atentamente, ele checa as horas (ele sempre quer saber que horas são). Ninguém quer sentir que a vida passou e que só se ficou a vê-la passar. Não se sabe muito bem a que horas ela passa, nem mesmo se já passou, mas é provável que ainda não tenha passado. A vida é assim, meio complicada e incerta mesmo, justamente pela mistura maluca da gente agindo no mundo e o mundo agindo na gente.

Quanto ao ônibus é mais simples. Quando já se está no ponto, dentro do horário de funcionamento, certamente ele vai passar. As linhas são fixas, raramente mudam de caminho e, além de tudo, existe um sistema que faz com que os ônibus sejam confiáveis e previsíveis para melhor atender às suas necessidades de locomoção. Você só precisa ter paciência na espera.



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ah, bruta flor do querer...



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"Meu samba não se importa se eu não faço rima
Se pego na viola e ela desafina
Meu samba não se importa se eu não tenho amor
Se dou meu coração assim sem disciplina" 

Roendo as unhas - Paulinho da Viola


Dias inspirados pela tropicalidade de SP.
Esse tal de "lado caetano" me irrita ao mesmo tempo que me encanta =P.
Mas enfim, quantos outros "lados" ainda cabem em mim? Acho que não serei parte nenhuma por completo, nunca, sem ressalvas. E hoje gosto disso. Amanhã você me pergunta de novo.


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Infinitivamente pessoal.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Pequenos resmungos, firmes decisões

Feminazi, intolerante, radical...

Veja bem, meu bem. Ponha-se no seu lugar. Melhor e mais difícil pra você: ponha-se no meu lugar.












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"Analisando essa história, cada vez mais me embaraço! 
Quanto mais longe do circo, mais eu encontro PALHAÇO." 

Luiz Melodia - Contrastes

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Quanto maior o nível de compreensão, maior a chance de nos faltar auto-respeito. Até compreendo, mas não aceito: limites são importantes.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Por que precisamos ser utópicos?


Sério. Por quê?

Acho que porque o mundo precisa de inspiração pra se mover. Jogue fora tudo o que ouviu falar sobre "todos os auto-reverse da vida e
 o movimento de translação que faz a Terra girar": o que nós precisamos mesmo é de inspiração.

Agora o lance das utopias é que elas precisam ser minimamente aplicáveis à realidade, saca? (Entendeu o lance de fazer a terra girar?).


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Procurando inspiração em mim e em você também.

[De qualquer forma, a utopia é minha e eu coloco ela onde eu quiser.]

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Snap out of it



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Aproveitando os presentes efêmeros e surpreendentes do universo, por aqui =].

Boa sexta-feira (pra quem é de boa sexta-feira).

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Já falei pra você


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Eu só acrescentaria o seguinte:

Acredito que quanto maior a nossa capacidade de compreensão com os outros, maior a tendência de faltar auto-respeito. Pra moderar essa nossa hiper-carência de aceitação e convívio social, agir de acordo alguns valores em que acreditamos são importantes. Particularmente, me sinto um poço de tolerância quando concedo o benefício dos 3 strikes a pessoas muito próximas e das quais gosto muito. Mas já falei pra você também que alguns limites não podem ser cruzados sem dar cartão vermelho na hora. Não é MUITO simples? É só não vacilar.

E para quem crê que vacilos são naturalmente incontroláveis eu só recomendo que essas pessoas fiquem próximas de quem têm crenças e valores parecidos com os seus, a fim de evitar maiores danos às outras pessoas. Aqui tem parceria sim, ninguém é perfeito e meus defeitos estão aí para serem julgados também por quem escolheu conviver com eles junto das minhas virtudes.

Se a família a gente não escolhe e precisa ganhar e construir respeito ao mesmo tempo em que é "obrigado" a tolerar certos absurdos, no campo afetivo a regra é outra e eu costumo me fazer bem clara. Outra coisa: quem me conhece bem sabe como eu me posicionei e costumo me posicionar, além do quanto eu doso essa "necessidade" de suportar falta de respeito ou escrotice em nome dos tradicionais vínculos familiares. Respeito muito mais meus valores do que qualquer tradição.

Se você dorme tranquilo com você mesmo, pode ter certeza de que sei muito bem que não tenho controle sobre as ações das outras pessoas, inclusive quando a decisão é mentir ou omitir. Já tenho muito certo para mim que não durmo bem nem quando vacilo com alguém nem quando alguém vacila comigo. Nem sempre a gente precisa por a mão no fogo pra aprender que queima, certo?

Então, dentro dos limites da consciência que a gente pode ter dos eventos do mundo, procuro dormir bem e, de novo, a confiança é "mulher ingrata (...)": anos pra construir, segundos pra destruir. Aos que já foram expulsos da minha vida e aos que eventualmente serão, não lamento. O erro das minhas avaliações me serve de aprendizado. O que é justo, é justo... e é só assim que é.

Esclarecendo: não é indiretinha pra ninguém, só relato. O meu papo normalmente é reto e o recado já foi quase sempre dado.

 


domingo, 30 de novembro de 2014

"Estamos vivos - wra!"



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Enquanto eles capitalizam a realidade
Eu, eu socializo meus sonhos
Sérgio Vaz

[cons]
        [pir[a]ções]
  [ins]


=].

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Essas coisas lindas que nunca existirão...

O que me dói não é 
O que há no coração 
Mas essas coisas lindas 
Que nunca existirão... 

São as formas sem forma 
Que passam sem que a dor 
As possa conhecer 
Ou as sonhar o amor. 

São como se a tristeza 
Fosse árvore e, uma a uma, 
Caíssem suas folhas 
Entre o vestígio e a bruma. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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Secretamente invejo as pessoas com problemas de memória.

 


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Vestígios de você


So again I've done the right thing
I was never worried about that
The answer's always been in clear view
But even when the window's clean
I still can't see for the fact
That when it's clean it's so clear
I cant tell what I'm looking through

De repente, você resolveu fazer a coisa certa, também. E eu, querendo transitar livremente entre a regra e a exceção, acabei por quebrar as minhas regras para virar sua exceção. Estou um pouco cansada de ser a exceção que move as pessoas... me pergunto qual a minha parcela de responsabilidade na assunção desse papel.

Mas também não sei se me agrada a idéia de ser a regra que lida com as exceções... não sei. Talvez por isso eu goste de questionar as regras e tenho essa vontade absurda de redefini-las. Simplesmente não parece haver posição que me agrade nesse jogo.

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Acho que eu estou ficando louca e começando a te ver aonde você não está, nem nunca esteve. Não sei muito bem, mas acho que aquela coisa da gente se encontrar sempre por acaso, mas nunca sem querer, mexeu e continua mexendo com a minha sanidade mental. Você sempre teve esse estranho poder de fazer com que eu questionasse seriamente a minha sanidade mental, a minha capacidade de avaliação e de julgamento... não sei porquê, mas você faz isso. Você me bagunçou toda, algumas vezes.

E, sim, eu acho que estou dando de louca com outras pessoas por ter plantado essa semente em julho acreditando num certo caminhamento das coisas. Eu acreditei mesmo que a gente estava indo pra algum lugar com toda essa nossa loucura disfarçada de normalidade e autocontrole - a grande farsa social. Na pior das hipóteses foi poesia... e desenrolamos nossas habilidades de atuação. Era um plano maluco, uma rota de fuga... era insanamente romântico, por ser proibido e impossível. Às vezes o impossível não é só questão de opinião, mas depende das ações das pessoas. Da minha parte, honestamente, sem saber que era impossível, eu fui lá e fiz.

...better that I break the window, than him, or her or me.

Mas o que ficou disso tudo? O julgamento, a paranóia, as conversas com nós mesmos que nos convencem de que tudo que talvez procurássemos um no outro era mentira. Era a nossa parte mais mesquinha e egocêntrica querendo confete. Era a vontade de ser lobo, e não cordeiro. Cagaço do cosmos; medo de ser devorado.

Medo.


But I'm as good as asleep
I bet you didn't know. It takes a lot of it away if you do.

Provavelmente volto a te encontrar nos próximos sonhos perturbadores. Ou no rosto de estranhos esbarrados por aí.

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As flores do maracujá nunca deram suas caras por aqui, mas eu vibro a cada ensaio... a vontade de vê-las brotando é grande. Brotaram as orquídeas e agora elas morreram. Eu sou uma péssima jardineira. 


Queixo-me às flores. Mas que bobagem, as flores não falam.


>>What the hell am I looking through?





sábado, 15 de novembro de 2014

O meu mais sincero "foda-se"

Quando ela saiu de casa, deixou um bilhete falando sobre “espaços vazios”. Espaços vazios. Me deixou esse enigma... como se sabe, sobre os enigmas, ou você os decifra ou eles te devoram. Né?

Bom, em primeiro lugar, obrigada. Foi tudo que eu sempre quis de você: que você me mostrasse coisas que eu não tinha coragem pra enfrentar ou que eu não pudesse ver. Que você me levasse para fazer coisas que eu pensava que nunca faria porque eu não tinha capacidade de superar minhas barreiras. O "porque eu acho que elas são insuperáveis" está implícito aí também - as convicções mais ou menos enraizadas. E aquele lance meio utilitarista também.

Teu maior espaço vazio quanto a nós, se você me permite explorar esse assunto, eu arriscaria dizer que era o seu gosto por animais de estimação. (Se você não me permite, advogo sob o aspecto da “licença poética”. Tenho certeza que não trará discussões porque você acredita nisso).

Simplesmente existe algo que me perturba muito sobre isso. Tem a ver com dependência, tem a ver mais ainda com dominação e carência que, juntas, justificam um gostar a ponto de prender. Jaula, encarceramento, prisão. Tirar a liberdade de interação com o mundo. Pensar naquela coisa errada – e só naquela coisa errada que você fez. Mas eu bem entendo que uma relação de dominação não é necessariamente opressora, que a teia é complexa e que pode estar a favor da criação (salve, Foucault). Eu acredito na força criativa como uma nova forma de organizar o mundo a partir da definição daquilo que não queremos ser.

Sobre a prisão, acredito que envolva uma (falsa) idéia de necessidade e um espírito de benevolência e caridade tão dignos de rechaço quanto a culpa católica. O que eu digo pra culpa católica? Eu digo: errado para quem? Você espera que eu me arrependa para ser perdoado? Eu não me arrependo, não cometi crimes, não fui desleal nem infiel. Sobre o passado, Inês é morta. Remorso é desperdício de energia vital. Eu procuro agir de acordo com as minhas convicções, encarar os fatos e agir de forma a conter danos. 

Quanto ao espírito de benevolência para a pressuposta necessidade do outro, eu entendo que você age de boa-fé, acreditando estar fazendo um bem ou até mesmo querendo salvar o mundo. Mas eu questiono suas motivações. Daquela parte do mundo que não é bonita, eu realmente acredito que “everybody is looking for something / some of them want to use you/ some of them want to be abused”. Ah, Sweet Dreams... eu, como boa cientista social, fico emputecida com a idéia de caridade, piedade e outras formas de menosprezar e diminuir as capacidades dos outros seres.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=QUvVdTlA23w

Você, naturalmente, como todo bom observador, aprende olhando. E você sempre me olhou bastante...até onde e quando eu não queria que você olhasse. Seu maior trunfo foi me conquistar docilmente e não me esconder a fera que existia dentro de você. Não. Pensei melhor:  o meu maior trunfo foi ver isso em você, como estou acostumada a balancear (muito bem, eu diria) “o médico e o monstro”, dentro de cada um de nós. 

Daquela parte do mundo que é bonita: eu quis te fazer pose, pra conquistar tua poesia. Entre o médico e o monstro, está o artista. Sedutor. Criativo. Me vende a idéia de liberdade, ainda que uma liberdade produzida e preocupada em agradar o público. O drama, a performance...o truque. A ilusão e a contrapartida do esclarecimento. E você sabe que eu gosto de poesia... você sabe até do que eu não gosto nela.

Aí, de novo, eu, como boa cientista social, venho dizer que acredito que a observação participante é muito interessante como método de pesquisa (salve, Malinowski), mas fico extremamente incomodada com a idéia de um ator antropólogo. Quer dizer, quem é você que quer falar de meus espaços vazios (ou mesmo os cheios) sem experienciar na minha pele? Eis o que eu não gosto da poesia: ela é assim, “meio farsa, meio fraude” (salve, carbono e amoníaco, rs).

Link: http://carbonoeamoniaco.blogspot.com.br/2013/07/cancao-do-quase-amor.html

(...)

A maior lição que você me ensinou e que eu poderia ter aprendido nesse ponto da minha vida era olhar pros meus defeitos. (Às vezes eu acho que tenho vocação pra ser escritora de biscoito da sorte. Às vezes eu dou risada disso e outras me reprimo por dar risada disso também.). Experimentando o que me serve; me achando nas minhas críticas. Transitando entre o médico e o monstro. Transitando livre e arbitrariamente entre a regra e a exceção – ai como me prendem as regras e quanto me custam as exceções! Lidando com aquele desconfortável lado “ator”ou “artista” dentro de mim também.

Na verdade, você acabou me ensinando a olhar pra mim. Isso, quando a gente se conheceu, era o que eu precisava, realmente. Acontece que sempre achei que eu não precisava de muita coisa – primeiro espaço vazio. Na verdade eu sempre achei que a gente tinha coisas demais... coisas das quais não precisávamos. Então eu quis me desapegar. E aprendi com dona encrenca os meus limites do desapego e da liberdade – ela sempre encontra eles. Quanto vale a liberdade? (salve Cólera).

Um “salve”.
Especialmente para os invocados.

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Eu me, sinto às vezes meio pá, inseguro
Que nem um vira-lata sem fé no futuro
Vem alguém lá, quem é quem, quem seró meu bom
Dá meu brinquedo de furar moletom

Porque os bico que me vê com os truta na balada
Tenta ver, quer saber de mim não vê nada
Porque a confiança é uma mulher ingrata
Que te beija, e te abraça, te rouba e te mata
Desacreditar, nem pensar, só naquela
Se uma mosca ameaçar, me catá, piso nela 

(...)

Eu não tenho dom pra vítima
Justiça e liberdade, a causa é legítima
Meu rap faz o cântico dos loko e dos românticos
Vou pôr o sorriso de criança, onde for
Aos parceiros tenho a oferecer minha presença
Talvez até confusa, mais real e intensa


Racionais – Vida Loka (parte I)


terça-feira, 4 de novembro de 2014

My own Anti-pleasure dissertation





The title comes from an "honest" Bikini Kill's song. Kathleen Hannah will always be a huge female reference for me. I strongly recomend the movie "The punk singer" about her. As well as L7, my first purchased disc and 7 year bitch, among other bands.

And when people ask why there aren't more women in bands, I agree with Kathleen Hannah's surprise saying "Duh...". Isn't that obvious?

I'm always looking for female musician references. If you have someone or some band to introduce me, please, be welcome =].

(You can watch her saying that in the beggining of this video: https://www.youtube.com/watch?v=vjS0R5BmYtg&index=22&list=PLXrMkY_dJ74ox4rYkEn8VrDRLPBwEGtN6)

So, I'm gonna post something especially to my female friends now:



Hey Girlfriend


I got a proposition goes something like this:

Dare ya to do what you want

Dare ya to be who you will

Dare ya to cry right outloud

"You get so emotional baby"


Double dare ya, double dare ya, double dare ya

Girl fucking friend yeah

double dare ya

Double dare ya

double dare ya, Girl


Don't you talk out of line

Don't go speaking out of your turn

Gotta listen to what the Man Says

Time to make his stomach burn

Burn, burn, burn, burn, burn, burn


Double dare ya, double dare ya, double dare ya

Girl fuckin' friend yeah

Double dare ya

Double dare ya

Double dare ya, Girl


You're a big girl now

You've got no reason not to fight

You've got to know what they are

For you can stand up for your rights

Rights? Rights?

You DO have Rights


Double dare ya, double dare ya

Double dare triple fuckin dare ya girlfriend

Double dare ya, double dare ya, double dare ya, Girl


Link: https://www.youtube.com/watch?v=NH-9Pow-2oE&index=23&list=PLXrMkY_dJ74ox4rYkEn8VrDRLPBwEGtN6

sábado, 1 de novembro de 2014

Inclinações



Aqueles suspensórios vermelhos me intrigaram desde o primeiro instante. Fui convencida a não ficar, como de costume. Mas fui, como quem não quer se arrepender de não ter ido, ao menos. Eu pensava o quanto que a ordem dos eventos anteriores estava influenciando para as possibilidades que me foram abertas, como normalmente fico fazendo na remota tentativa de entender as pistas, decifrar uma lógica pessoal do cosmos, tentar achar meu caminho. 

E eu gosto de estar sempre aberta às possibilidades, por mais que meu instinto racional pareça estar viciosamente tentando me convencer da inércia, elencando quase que imediatamente uma série de problemas sobre a situação presente que majoritariamente operam não para uma idéia otimista sobre o futuro, mas para um passado regado à nostalgia. O passado e o futuro; sempre impossíveis. Eu e os meus problemas temporais, a minha fome de mundo, minha vontade do absurdo.

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Declaro: as aulas de física me influenciaram muito mais do que qualquer outra doutrina. Dinâmica dos corpos e movimentos no tempo e no espaço.


1.º Lei de Newton - Inércia
Inércia: resistência que um corpo oferece à alteração do seu estado de repouso ou de movimento. Um corpo que se encontre em repouso, continuará em repouso se a resultante das forças que nele atuam for nula; um corpo em movimento, continuará a mover-se em linha reta e sempre à mesma velocidade (movimento retilíneo uniforme), se a resultante das forças que nele atuam for nula; para que haja alteração da velocidade do corpo, é necessário que se exerça sobre este uma força.

2.ª Lei de Newton - Fundamental da Dinâmica
Força = massa do corpo x aceleração

3.ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação
As forças atuam sempre em pares. Para toda força de ação, existe uma força de reação de mesma intensidade, mesma direção e de sentido contrário. As forças de ação e reação possuem  a mesma natureza - são ambas de contato ou de campo; São forças trocadas entre dois corpos; Não se equilibram e não se anulam, pois estão aplicadas em corpos diferentes.


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Pois bem. A interação entre os corpos diferentes é sempre algo muito instigante e ao mesmo tempo muito rotineiro. O que nos move? O que nos convence e o que nos faz mudar de idéia? Do que se constitui a nossa força? O que nos provoca? O que produz faísca, o que nos choca, o que nos faz sentir afinidade? O que nos atrai e o que nos repele? E, por fim, para onde ou para o quê nos inclinamos?

[Levantando algumas daquelas perguntas que faltavam.]

Mas aqui precisamos de um pouco da parte da cinemática, já que nos importa: trajetória, direção e sentido. A combinação das coisas é quase sempre imprevisível. De repente, podemos caminhar juntos. Podemos caminhar separados, mas ainda podemos estar no mesmo sentido, de repente podemos nos cruzar. Acredito que possuímos inclinações para pontos semelhantes. Talvez a força seja parecida, com combinações diferentes. Talvez tenhamos a capacidade de nos provocarmos e isso nos tire de um estado de inércia.


Às vezes são besteiras, suspensórios e cadarços vermelhos que me chamam a atenção. Que me fazem sentir a afinidade e a provocação que nos colocaram onde estamos hoje. E me fazem ter menos dúvidas sobre a coerência da ordem das coisas.

Dentro da naturalidade mística que paira no ar...


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There's a natural mystic
Blowing through the air
If you listen carefully now you will hear

It  could be the first trumpet
Might as well be the last
Many more will have to die
Many more will have to cry
Don't ask me why (Oh, no)

I said things are not the way they used to be (Oh, no)
Don't tell no lie!
One and all got to face reality now
(Reality)


Though I try to find the answer
To all the questions they ask
Though I know it's impossible
To go living through my past
Don't keep them down! (Oh, no)

There's a natural mystic
Blowing through the air

Natural mystic - Bob Marley

>>https://www.youtube.com/watch?v=EeQy4CE9bto

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Paradoxo d@ arqueir@



Além disso, uma flecha só pode ser atirada quando é puxada para trás.

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"Às vezes vc deixa o seu lado cordeiro mais à mostra (e seu sorriso te trai)."
Sim, você me conhece. Os sorrisos que me escapam, os olhos encantados e as coisas bonitas que você às vezes me fala.








sábado, 25 de outubro de 2014

Conselhos que me deram

A - (...) você tem muitas regras estúpidas!
B - Essa é a coisa mais inteligente que você já me disse.

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C - Prudência de cu é rola!

B - Olha só... tava segurando essa frase há muito tempo?

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D - Sim, mas também não vá virar PUTA.

B  - (Suspiro). Voz agressiva controlada:
Olha, PUTA acho que você não precisa se preocupar de eu virar porque PUTA COBRA e eu não estou pretendendo fazer isso não. Eu faço de graça, mesmo.

D - (Silêncio). Voz embaraçada:
Você me entendeu. Não vá virar uma QUALQUER.


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Eu detesto essa história de piedade, mas...é preciso estar no mundo e não perder a viagem. Jamais espero caber no sonho de ninguém. Não faz meu "tipo" ser exatamente o  "tipo" que ninguém procura. Não ser uma "qualquer" tem seus prós e contras. Gosto da idéia de construir sonhos em conjunto. 


"Pra quem não sabe amar
Fica esperando alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade (Senhor, piedade!)
Pra essa gente CARETA e COVARDE

Vamos pedir piedade (Senhor, piedade!)
Lhes dê grandeza e um POUCO de CORAGEM."

Blues da piedade - Cazuza


 Faltam perguntas; sobram suposições.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ciúmes, ego e possessão

Ciúmes é aquele monstrinho que nos perturba a alma, o coração e, principalmente, a nossa mente. Trata-se de algo completamente ilógico e irracional que acontece de formas muito diferentes de acordo com o contexto cultural (em maior e menor escala) e o tempo histórico. Esse “monstrinho” começa pequeno, mas pode tomar proporções homéricas e aparece até mesmo em muitos casos de crimes passionais.

Antes de ser um problema pessoal, melhor dizer logo que eu não acredito ser uma coisa natural, muito menos universal: estou convencida de que é um problema social. E, acredito que, se somos condicionados, podemos nos desvincular dele (não que seja simples ou fácil). 

Estou colocando em termos genéricos exatamente pela amplitude do ciúmes nas relações humanas: pode acontecer entre casais, amigos, familiares, colegas de trabalho e até mesmo (pasmem, rs) com coisas! Mas não vou falar das coisas porque me parece mais complicadinho e me parece que rola uma personificação ou uma projeção sobre os objetos que não é interessante no momento.

Então, a coisa toda me parece operar sob os aspectos (1) do desmerecimento da experiência primária com a pessoa-objeto de ciúmes, (2) dos efeitos narcísicos do ciúmes de auto-depreciação e (3) da possessividade.

A respeito desse primeiro aspecto, entendo que nos sentimos como se estivéssemos sob algum tipo de ameaça porque pensamos que a experiência de mesma natureza ou até mesmo de natureza diferente da pessoa-objeto do ciúmes com outra(s) pessoa(s) de alguma forma interfere negativamente  na experiência (ou chega até mesmo a invalidá-la) de interação entre nós e a pessoa-objeto de ciúmes.

Sobre esse segundo aspecto, as coisas se misturam. Narciso foi o cara que se apaixonou pela própria imagem. A relação disso com o ciúmes, para mim, está no fato de que nos preocupamos, ainda, com a ideia de que aquela(s) pessoa(s) que teoricamente estaria(m) ocasionando esse sentimento o faz(em) por estar(em) diretamente em competição conosco. Como se estivesse tomando o nosso lugar. Mexe com a nossa segurança! Mas isso só faz algum sentido quando temos por certeza que uma coisa invalida a outra e que não se é possível ou que não se deveria ter experiências simultâneas de natureza similar com pessoas diferentes! É uma questão de papéis e regras sociais sobre a interação entre pessoas; e o efeito narcísico disso é a maneira negativa como afeta a nossa própria imagem e o nosso ego tanto a ocorrência de fato, como a iminência ou a suspeita dessa outra experiência.

Por fim, a possessividade. Já ouvi por aí “é o tempo do uso, e não da posse”. É verdade, nossa vida se tornou mais descartável, mais substituível, mais livre para se escolher...  só que dentro das relações humanas, em nosso contexto mais particular, permeia a ideia da posse exclusiva, que me parece desdobrada da ideia de propriedade privada. As coisas e pessoas são passíveis de propriedade privada, uso particular e não podem ser possuídas ou mesmo usadas por qualquer um sem a autorizaçao d@(s) proprietári@(s). Ora, não somos nós, donos de nós mesmos? É claro que existem acordos social e pessoalmente estabelecidos que configuram danos ou malefícios a outras pessoas quando são quebrados,  mas o ponto não é esse. O ponto é, caso não tenha ficado claro: por que sentimos ciúmes?

Perguntas honestas: se negamos a posse, por acreditarmos não ser possível ou não ser razoável a ideia de propriedade sobre outras pessoas, só nos resta a lógica do uso? E essa lógica necessariamente está associada a uma efemeridade, ao rápido descarte, à substituição? Se serve, serve; se não serve, joga fora? A liberdade de escolha está necessariamente atrelada ao consumo desenfreado, pois somos assim, movidos por múltiplos impulsos do nosso desejo?

Para terminar, indicação de vídeo do Zygmunt Bauman. A entrevista toda é muito bacana, vale a pena. Até porque ele tem essa linha de raciocínio que parece não ver ruptura entre as relações humanas, as relações sociais e a relação com o mundo! Mas, enfim,  a partir dos 20 minutos, nos 10 minutos finais da entrevista ele se atenta especificamente aos laços humanos, que para ele estão mais “fragilizados”e “líquidos” na modernidade. Muito interessante a dosagem sobre dois valores essenciais para a felicidade humana: um é a liberdade e outro a segurança.  


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Outras brasilidades: a novela e carnaval

Eu mato, eu mato!
Quem roubou minha calcinha pra fazer pano de prato!

Minha calcinha não tava lavada

Nem foi presente que eu ganhei da namorada!

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Sem mais.

domingo, 12 de outubro de 2014

O que os olhos não vêem...

"A - E o coração?
 B - O coração tá batendo. Tá apanhando pra cacete, mas também tá batendo."

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C - "Cala a boca e vê o show.".


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[Ultimamente tem mais apanhado do que batido.]

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"Eu quero um samba pra me aquecer
Quero algo pra beber, quero você
Peça tudo que quiser
Quantos sambas agüentar dançar
Mas não esqueça do seu trato
Da hora de parar
Só vamos embora quando tudo terminar
Eu vou te levar aonde você quer chegar
Eu tenho a chave nada impede a vida acontecer
Deixe-se acreditar
Nada vai te acontecer
Tudo pode ser
Nada vai acontecer, não tema
Esse é o reino da alegria"

Deixe-se acreditar - Mombojó

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Encruzilhada da lua cheia


Dos conselhos que eu te dei
Apostei na minha sorte
De estar errada
E de estar certa ao mesmo tempo

[Talvez você tenha que escolher entre seguir a mim, o caminho errado, ou seguir meus bons conselhos.]

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Ô ciganinha, eu preciso de você
Vamos jogar o jogo da amarelinha
Se eu perder você me ganha
Se eu ganhar você é minha!

Ô cigana, ciganinha
Da sandália de pau
Quando chega no terreiro
Faz o bem e leva o mal

De vermelho e preto
Vestida, à noite
O mistério traz
De colar de côco e brinco dourado
A promessa faz

Se é preciso ir, você pode ir
Peça o que quiser
Mas cuidado amigo
Ela é bonita, ela é mulher

E no canto da rua
Zombando, zombando, zombando tá
Ela é moça bonita
Ô girando, ô girando, ô girando lá.

Ô girando Laroyê, ô girando lá

Rosa branca, rosa vermelha
Rosa ah...marela
A cigana é faladeira
Todo mundo gosta dela

Canto da pomba-gira cigana - Umbanda

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Da infância ao tango

O que concluo de ter tido o adjetivo "furacão" atribuído em seqüência ao meu nome, em combinação ao apelido de "mão de ferro" anos depois é o fato de que eu não tenho mesmo nada de "inha".

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(...sou torto,
não sei dançar
teu tango)

http://carbonoeamoniaco.blogspot.com.br/2014/03/blog-post_190.html


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Aí eu me meti a besta de tentar aprender a dançar à dois. Me lembrou outra coisa importante: existem problemas metafísicos que me atordoam a todo instante.

Pois bem, eu fiz balé quando era criança. Eu gostava bastante! Era um controle sobre o corpo, saltos, piruetas, pliês... bacana. Fazia papéis masculinos no balé também, pra compor as apresentações aos pais. É claro que eu queria fazer o papel da mulher, mas eu sempre fui fortinha, grandinha e sei lá mais o quê ... Ói que louco. Tinha feito um pouquinhozinho de ginástica olímpica antes disso, o que me deve ter me dado maior desenvoltura (acredito).

Bom, nas danças de macho e fêmea mais tradicionais, você sempre tem a porcaria do papel masculino conduzindo o feminino. Aí rola um lance muito difícil pra mim que é me deixar ser conduzida. Eu brinco que é por conta do espírito paulistano "non dvcor, dvco", mas na real é um problema com papéis. Mas enfim, a gente se propõe né? Não vou nem entrar em detalhes. Mas não deu muito certo. E assim que eu fui ficando à vontade, comecei a me irritar e querer rodar e rodar. Eu nem sei conduzir direito, acho que a minha estratégia é girar o outro até ele ficar tonto.

Mas e aí? Vou eu fazer uma aulinha pra aprender o meu papel de conduzida? Eu bem tive a minha fase de ouvir no repeat "Dancing with myself", mas às vezes a gente quer dançar acompanhado, ehehe. De repente, o tango é mais interessante mesmo: um jogo dramático em que hora um conduz, hora o outro, com encaixes e viradas repentinas, movimentos não tradicionais. Rá. Fecho com aquele comentário: "O tango é torto; sua dança é quadrada ;)."

[Ai, vida. Por que tantas metáforas?]

sábado, 4 de outubro de 2014

Sobre a Karen, que também é Joana e sobre tudo o que é sólido e desmancha no ar

As pulseiras e a tornozeleira

De todas as cores do arco-íris (de todo aquele arco-íris que eu queria que você soubesse que sou também) me restou a vermelha, no pulso esquerdo.

A tornozeleira que você me deu era realmente linda, mas não deixava de ser algo que me prendia uma parte do corpo. Na verdade várias. Você sabe que a memória afetiva é foda e além de eu senti-la me apertando, eu via, porque ela era linda. Ela é linda. Só não me prende mais, O tempo desgastou, porque eu usava todos os dias e, infelizmente, ela foi pro lixo.

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Mas hoje é dia de celebrar a liberdade de se prender. Celebrar a liberdade, sempre. Conviver com a efemeridade das coisas.

[Eu ainda prefiro admirar a efemeridade das flores vivas às flores de plástico ou de um buquê . As primeiras não morrem e o segundo são flores mortas.]

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Confesso

que às vezes me faço indecifrável para você não se atentar ao que é raso. De rasuras e rabiscos sai algo grotesco, que não se encaixa muito bem às minhas intenções. De qualquer forma, eu prefiro mil vezes um enigma ao que é óbvio, imediato e pode ser rapidamente consumido e descartado.

Prefiro te devorar ao ser decifrada.

[Das técnicas para distrair o oponente.]

domingo, 28 de setembro de 2014

Além do nosso imposto lado Charlie Sheen



Gosto daquelas calcinhas, que, como bandeiras piratas avistadas já à distância nos navios, ficam penduradas no banheiro nas casas das mulheres, pra te lembrar que o território é feminino, algo como "minha casa, minhas regras".  


Chegou o dia inevitável em que você hasteou a sua bandeira também por aqui. É; intimidade e o mau que ela traz. Mas, as regras são claras e, sendo sempre sincera como não se deve ser, abro o jogo com você. 

[Sim, é difícil eu ser romântica e meu ego deve mesmo ser do tamanho do oceano atlântico. Mas aí, essa sou eu. Se você me permite um conselho que eu dou pra mim mesma: veja bem aonde está se metendo; de repente a gente ainda nem se conhece.]


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"Veja como o tempo voa
Demora pra aterrissar, sem graça, eu me vejo aqui
Pela janela, ver você partir

(...)Eu não sou piscina pra tu se jogar de prima

Mas isso é só um teste
Pra ver se eu honro o fardo: firme, forte e cafajeste."

Haikaiss - Sem graça

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sintomas

"Fever, where'd you run to?
Fever, where'd you run to?
Acting right is so routine
Fever, let me live a dream

Fever, I'm a slave to

No one misbehaved too
Fever, they're misunderstood
Wouldn't leave you if I could

Fever

Fever, 'cause I'm breaking
Fever got me aching
Fever why don't you explain?
Break it down again

Fever got me guilty
Just go ahead and kill me
Fever why don't you explain?
Break it down again

Fever, can you hear me?
Fever, can you hear me?
You shook me like I've never been
Now show me how to live again

Used to be a blessing
But fever's got me stressing
Realize I have been played
Fever, let me play the game

Fever

Fever, 'cause I'm breaking
Fever got me aching
Fever why don't you explain?
Break it down again

Fever got me guilty
Just go ahead and kill me
Fever why don't you explain?
Break it down again

Now if the cold pale light in your eyes
Reaches those horizon lines
You know not to leave her

Now if the cold pale light in your eyes
Reaches those horizon lines
You know not to leave her, fever"


Fever - The Black Keys

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Febre: já me ocorreu antes. E sim, pensei nisso quando aconteceu com você.

Algumas pessoas procuram se apaixonar. O problema é que elas estão procurando mais se apaixonar do que enxergar o "objeto" de paixão. Poderia dizer a mesma coisa do amor. E eu acho que é um problema da língua portuguesa mesmo o fato de que a gente usa a mesma expressão pra duas coisas completamente diferentes, que são a paixão e o amor. (Adoraria entrar no Bauman agora, mas vou seguir por outro caminho, porque já falei dele muitas vezes quando chego nesse assunto). São tantos problemas!

Agora, o que a paixão e o amor têm de diferente é o tempo de desenvolvimento, essencialmente. Não que a paixão não possa vir à longo prazo; mas ela vem sem anúncio, não adianta tentar antecipar. A paixão é essa coisa que te pega despreparadx - quando a gente viu, já foi. É uma vontade que se quer aniquilar (droga, Bauman, você aparece mesmo eu não querendo te trazer à tona).

É... se o amor quer construir, a paixão quer destruir. E eu poderia muito bem dizer que "antes de você ser eu sou, eu sou amor, eu sou amor - da cabeça aos pés" e fazer sinal de hippie com os dedinhos, sorriso e olhinhos vermelhos, mas... experimentei um beijo que já foi mais quente esfriar e essa febre apareceu de novo, como que para me dedurar.

O que foi isso, afinal? Xeque? No fundo, esperando que seja xeque e não decepcionante e inesperada fuga - porque eu quero brincar mais.
[É. Acho que se você está me fazendo perguntar o que diabos está acontecendo, eu tenho que te dar os devidos créditos.]

Mas enfim, pensando aqui sobre as pessoas que surtam com medo de se apaixonarem: ou elas estão procurando muito se apaixonar, o que significa que você poderia muito bem ser uma árvore e a coisa toda rolaria do mesmo jeito, ou elas estão realmente gostando do que estão vendo. Para o primeiro caso, melhor correr. Desvia, que vem decepção bruta. Para o segundo caso, desconstrua sua imagem. Pode ser uma mistura das duas coisas também ou nenhuma delas; pode tudo.

Depois de uma quase-utopia e um quase-amor, ambos interrompidos, uma quase...paixão? Interrompida? Ah, essa vida decepcionante e difícil de "quases".

--

Estava na primeira série e era dia dos namorados. Do nada, ele me aparece com um presente! Na frente de todo mundo! Na hora tive muita raiva e chorei muito... o que eu fiz para que isso acontecesse comigo? Guardei dentro da gaveta de meias e não contei para ninguém. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Das convicções enraizadas

Significado de Impasse

s.m. Situação que não oferece saída favorável.
Dificuldade insuperável, beco sem saída.

Embaraço.

http://www.dicio.com.br/impasse/

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Livro I, Sessão I - Das formas de interação com o mundo

1.1. Os relacionamentos pessoais se darão entre pessoas, diretamente - e não por meio de coisas ou objetos - envolvendo intercâmbio de idéias, energia, fluído, calor e experiências.

1.2. Os relacionamentos impessoais poderão ocorrer envolvendo transações monetárias, bens materiais, objetos e afins.

1.3. Os relacionamentos ditos "obrigatórios" poderão ser pessoais ou impessoais.
1.3.1. Não se encaixam nesta categoria os relacionamentos afetivo/amorosos, apesar destes também poderem ser pessoais ou impessoais;
1.3.2. A obrigação se constitui na forma de benefício pessoal (trabalho) e/ ou convenção social (família).

1.4. Os relacionamentos ditos "não obrigatórios" necessariamente serão pessoais.
1.4.1. Estão compreendidos aqui os laços afetivo/amorosos desprovidos de dependência real entre as partes;
1.4.2. A durabilidade e a viabilidade dos relacionamentos "não obrigatórios" será mediada pela mútua conveniência, envolvendo prazer e utilidade.

1.5. Não há limites de quantidades e arranjos para os itens descritos anteriormente.

Livro I, Sessão II - Dos acordos e parcerias firmados

2.1. Entende-se que os acordos e parcerias firmados são fruto de atividade racional consensual não impulsiva, podendo ser renovados ou não, ao fim do prazo previamente estipulado (quando e se estipulado) e revogados a qualquer momento.
2.1.1. A quebra ou desrespeito de condições previamente acordadas sem aviso prévio configura situação de anormalidade do(s) relacionamento(s) implícitos, gerando reconsideração e reavaliação dos termos, bem como da continuidade dos laços.
2.1.2. Caso ocorra o desejo de revogação por uma das partes (e não pela outra), prevalecerá o desejo de revogação - tendo em vista que ser a consensualidade a condição sine qua non  para qualquer acordo e parceria que se firme entre partes igualmente livres.

2.2. Os acordos e parcerias firmados podem ocorrer dentro de relacionamentos pessoais, impessoais, obrigatórios e não obrigatórios.

(...)


--

Você pode não entender alguns limites das pessoas com quem se relaciona; mas é desejoso que não deixe de respeitá-los. Estou convencida de que não se deve tratar com desdém o que tem importância para o outro em um relacionamento pessoal.

Não é tão difícil compreender as escolhas e convicções enraizadas; basta tentar se colocar no lugar do outro. (Aprendi que isso talvez seja exigir demais para algumas pessoas.) Se mesmo assim você discordar: sobre o passado, Inês é morta; sobre o presente, talvez o impasse seja um ponto de cisão; sobre o futuro, bem... o que é que nós podemos dizer quanto ao futuro, afinal? Nada muito além da sua relação com o passado e com o presente.

[Esse nosso mundo de contratos...]


sábado, 13 de setembro de 2014

Sobre mudanças, família, raízes e rituais sociais

>> Quem somos, de onde viemos e pra onde vamos?

Ah, as perguntas que se desdobram dos momentos difíceis. Já que esse é meu espaço particular de devaneio e não vou incomodar ninguém fazendo isso, vou seguir o post sem rigor acadêmico e sem ordenação cronológica.


Em algum momento de minha breve vida, já privilegiada pelo uso da internet, adquiri o hábito de procurar algumas coisas das quais ouvia falar e me lembrava de pesquisar depois. Coisas aleatórias, que vinham à mente sem muita regra, mas normalmente me proporcionavam boas horas de distração. Sabe aquela sensação de estar debaixo d'água? Às vezes procuro ela. 


Enfim, um dia estava (não me pergunte o porquê) curiosa sobre filosofia e queria saber sobre uma categoria de pensadores chamados "pré-socráticos". Aí tinha um cara (que parece que cheguei no nome dele por meio do que o Platão falou dele) chamado Heráclito (1). Nunca me esqueci de uma idéia sobre não ser possível se banhar duas vezes na mesma água, ainda que se voltasse ao mesmo rio. Para mim, foi algo sobre como o indivíduo pode lidar com as mudanças (constantes e motivadas por diversos fatores; tudo flui) do mundo.


Pois bem. Entendo o mundo dessa forma mesmo, tendo a mudança como essência. É meio maluco, porque às vezes as mudanças são súbitas e bruscas, noutras são lentas e sutis. O tempo acaba fazendo toda a diferença sobre como podemos ser afetados e a intensidade com que somos afetados. E o mundo (e por "mundo" entendo que nós também fazemos parte dele) muda independentemente da nossa vontade, das nossas previsões e resguardos; ele simplesmente muda e quando nos damos conta temos que "dançar conforme a música".


"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Lei de Lavoisier, sobre a conservação das massas.


Aí é que está. Se tudo se transforma, porque a sensação de que perdemos algo? Sobre a vontade (ou, ainda, necessidade) de criar, me vem à cabeça um desejo de dominar o mundo, deixar marcas, personalizar. Ser criador; interagir e interferir. Parece ser a ilusão de que nós estamos no controle, moldando o mundo ao nosso gosto. Já lidar com as "perdas" é como se o mundo nos mostrasse que não temos controle de absolutamente nada e que nossa permanência é temporária, aleatória e fluída. Sobre a transformação do mundo e de nós mesmos, constantemente me pergunto: qual a nossa relevância?


"(...) as células do corpo são substituídas, em grande parte, de 7 a 10 anos, sucessivamente. Em outras palavras, as células velhas morrem na maior parte e são substituídos por novas durante este intervalo de tempo. O processo de renovação celular ocorre mais rapidamente em certas partes do corpo.

Isso explica, por exemplo, por que as unhas crescem e nosso cabelo cai. Mas, se estamos constantemente abastecidos por novas células, por que envelhecemos? Quando se trata de envelhecimento, parece que o segredo não está nas nossas células, e sim, no DNA celular.
De acordo com Frisen, é possível que o DNA sofra muitas mutações ao longo desse processo de renovação celular, enquanto outras células "nunca" nos deixam, auxiliando nesse processo de envelhecimento e outros males, como os neurônios que compõem o córtex cerebral - embora existam pesquisas que apontem que os neurônios se renovem, mas em uma velocidade muito baixa e em pouca quantidade. Essa área é responsável por comandar funções relacionadas com a memória, linguagem, pensamentos e consciência e não são renovadas nessa troca." (2)
O nosso próprio corpo está em constante mudança... diariamente sofremos perdas e renovações que, no geral, nem nos damos conta. Tem a parte que muda e a parte que não muda, ao que tudo indica. Células ou DNA que "nunca nos deixam" me fazem pensar no que carregamos conosco, no que nos constitui não só do ponto de vista da biologia, mas psicológica e socialmente. São traços de personalidade enraizados, convicções fortes e o que aprendemos com nossas famílias.

Aceitação do mundo e de nós mesmos. E não aceitação do mundo e nem de nós mesmos. O que queremos que permaneça que podemos manter e o que queremos que mude que nos cabe agir?


No meio disso estão as convenções e os rituais sociais. Ninguém tem a capacidade de ir contra absolutamente tudo, penso eu. No que diz respeito ao "para onde vamos", precisamos considerar "quem somos" e "de onde viemos". Até onde a nossa liberdade está condicionada? Até onde temos condições de sermos livres? Fico pensando naquele conselho: "seja a mudança que você quer ver no mundo". Entre o que eu quero, o que eu posso e no que eu acredito, existe um mundo de transformações e permanências, tempos e movimentos, criações e perdas.



(1) http://www.mundodosfilosofos.com.br/heraclito.htm

(2) http://www.jornalciencia.com/saude/corpo/4247-todas-as-celulas-do-corpo-humano-se-renovam-completamente-a-cada-7-anos-mito-ou-verdade

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Nota de abertura

Eu me rendi.
Anos depois, fiz um diário de bordo.
Não vou admitir para ninguém. Ou melhor, quase ninguém. Talvez para aquelxs que partiham seus devaneios comigo, já há algum tempo.

Minha mais honesta motivação: controle de danos.
O propulsor da coisa toda: fuga da realidade.

Eu disse "fuga"? Relutância, melhor dizendo.
De tanto relutar, nem se tem (leia-se "nem se quer ter") notícias do que é e que eu não gosto que seja. Desgosto, repulsa. O que um dia atraiu, hoje repele. Mudança de campo magnético? Como isso funciona, afinal? Enfim, por aqui a bagunça continua. Emocional no gráfico de seno e cosseno, só que mais espaçado.

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"Life is a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing." Citação do Shakespeare, em MacBeth, no filme "You will meet a tall dark stranger" do Woody Allen.

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Aqui jaz um sonho de efetivação de uma utopia e uma personalidade narcísica que se perdeu numa canção de quase-amor. O que será que vem depois de uma quase-utopia e de um quase-amor?